sábado, 25 de agosto de 2012

Aula 3

AULA TEÓRICA 3 - CICLO DAS RELAÇÕES PATÓGENO–HOSPEDEIRO: FUNGOS E BACTÉRIAS
Antes de analisarmos os ciclos das relações patógeno–hospedeiro foi realizada uma breve revisão sobre as principais características de fungos, incluindo os oomicetos, e procariotos, em geral. Isso vocês devem ter em mente. Quaisquer dúvidas sobre essas características desses dois grupos de agentes fitopatológicos revisem as aulas de Microbiologia vista no semestre anterior!!!

Depois dessa revisão, adentramos no assunto da aula sobre os ciclos das relações envolvidas no processo das doenças de plantas causadas por estes dois grupos. Abaixo está uma representação esquemática dos ciclos envolvendo fungos e bactérias.


Ciclo da relação patógeno–hospedeiro

Nesta figura podemos diferenciar o ciclo primário (monociclo) e o secundário (policíclico). O ciclo primário ocorre somente uma vez durante a estação de cultivo da planta, enquanto que os secundários são vários ciclos sucessivos do patógeno durante essa estação de cultivo.
 
Os ciclos das relações de fungos e bactérias podem ser divididos em: sobrevivência, disseminação, infecção, colonização e reprodução.
 
As formas de sobrevivência para os fungos podem ser através de, 1) estruturas de resistência, como os, a) escleródios (enovelados de hifas que endurecem, ficando no solo dormente); b) clamidósporo (célula de hifa ou esporo com parede celular espessa); c) oósporo (esporo sexual de Oomicetos com parede espessa); d) teliósporos; e) ascocarpos. No caso dos procariotos, encontra-se esporos de resistência de bactérias (Bacillus e Streptomyces), 2) plantas hospedeiras (dependem do tecido doente, como as lesões causadas pelo agentes causais do cancro cítrico, ferrugem do cafeeiro, “greening”, sementes infectadas — carvão do trigo), 3) atividade saprofítica, como os peritécios de Fusarium sp. em colmos de trigo e 4) vetor, somente para alguns procariotos, como no caso das doenças transmitidas por psilídeo em citros.

Como adendo desse ponto, o inóculo é toda e qualquer estrutura do patógeno ou o próprio patógeno (bactéria) que é capaz de dar início a uma infecção.

A disseminação é dividida em três etapas: liberação do propágulo do local em que foi produzido, podendo ser ativa ou passiva; a dispersão que é a disseminação propriamente dita, sendo realizada por vários agentes, como o vento, respingos de água, insetos, água de irrigação, sementes contaminadas, animais, ferramentas e implementos agrícolas.
 
A disseminação de bactérias geralmente ocorre por aerossol. A disseminação pode ser realizada por vetores que se alimentam da planta infectada, adquirem o inóculo de bactérias habitante do xilema (Xylella fastidiosa) e do floema (fitoplasmas, espiroplasmas, Candidatus Liberibacter). Estas dependem exclusivamente do vetor para a sua disseminação.
 
A infecção é mais difícil de definir, pois para alguns autores ela começa na pré-penetração, passa para a penetração até estabelecer as relações parasitárias estáveis. Para outros, ela vai da pré-penetração até a colonização.
 
A penetração dos fungos pode ocorrer por diversas formas, a) direta; b) através de estômatos; e, c) por ferimentos. Já para os procariotos, esta pode ser por estômatos, ferimentos, hidatódios e pelo nectário floral. 

Penetração direta de Stenocarpella macrospora em folhas de milho. Elongação do tubo germinativo (seta vermelha) e apressório (seta azul) (Brunelli et al., 2005).
 
A colonização e reprodução podem ocorrer concomitantemente. A colonização pode ser por: a) superfície (oídio); b) subcitucular (sarna da macieira); c) intracelular (mancha de alternária); d) intercelular (ferrugens); e, e) xilema (murcha de fusário). Os procariotos colonizam através dos espaços intercelulares, do xilema e do floema do hospedeiro.
 
Para finalizar a aula, foi explicitado o ciclo das relações patógeno–hospedeiro da doença cancro cítrico (causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri), destacando que a doença é policíclica. Tema esse que será visto em aula mais adiante.
 
Turma é de suma importância entender os ciclos das relações patógeno–hospedeiro para a tomada de decisão na hora de aplicar as medidas de controle da doença!!! Até a próxima...

AULA PRÁTICA 3 - POSTULADOS DE KOCH
Na aula prática, vimos as duas etapas finais dos Postulados de Koch: Inoculação e Reisolamento.

Postulado 3 - Inoculação do patógeno:
A inoculação consiste no ato de colocar um patógeno em contato com, ou no interior, de um órgão ou tecido de uma planta hospedeira. Para termos sucesso na inoculação, precisamos saber como se dá a penetração do microrganismo no hospedeiro.


Por isso, realizamos diversos métodos de inoculação:

Para fungos:
- Penetração direta: Aspersão da suspensão de Alternaria solani em plantas de tomate.
- Penetração por ferimento: Inoculação do Penicillium sp. que isolamos na semana passada em tangerinas, realizando ou não ferimento nos frutos.

Para bactérias:
 - Penetração por ferimentos: Inoculação da bactéria Pectobacterium sp. em pimentão e batata usando palito.

Para vírus

- Penetração por ferimentos: Inoculação mecânica do vírus do mosaico do pepino (CMV) em abobrinha.
- Penetração por inseto vetor: Inoculação com afídeos do vírus do mosaico do pepino (CMV) em abobrinha.

Postulado 4 - Reisolamento do patógeno: O quarto postulado, reisolamento do microrganismo, não foi executado em aula prática, pois segue os mesmos procedimentos do segundo postulado (isolamento).

2 comentários:

  1. Faltou falar da terceira etapa da disseminação, a deposição!

    Quando os fungos penetram por aberturas naturais eles penetram apenas por estômatos?

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  2. Sim, percebemos isso. A deposição é uma etapa importante para que o fungo encontre de fato o local onde o mesmo ira começar o processo de penetração. Quanto ao processo de penetração por aberturas naturais, além dos estômatos, os fungos penetram através de hidatódios (X. campestris pv. campestris em folhas de couve), lenticelas (Streptomyces scabies em tubérculos de batata), nectários (Ralstonia solanacearum em inflorescências de bananeira), etc.

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