Antes de analisarmos os ciclos das relações patógeno–hospedeiro foi realizada uma breve revisão sobre as principais características de fungos, incluindo os oomicetos, e procariotos, em geral. Isso vocês devem ter em mente. Quaisquer dúvidas sobre essas características desses dois grupos de agentes fitopatológicos revisem as aulas de Microbiologia vista no semestre anterior!!!
Depois dessa revisão, adentramos no assunto da aula sobre os ciclos das relações envolvidas no processo das doenças de plantas causadas por estes dois grupos. Abaixo está uma representação esquemática dos ciclos envolvendo fungos e bactérias.
Ciclo da
relação patógeno–hospedeiro
Nesta figura podemos
diferenciar o ciclo primário (monociclo) e o secundário (policíclico). O ciclo
primário ocorre somente uma vez durante a estação de cultivo da planta,
enquanto que os secundários são vários ciclos sucessivos do patógeno durante
essa estação de cultivo.
Os ciclos das relações de
fungos e bactérias podem ser divididos em: sobrevivência,
disseminação, infecção, colonização e reprodução.
As formas de
sobrevivência para os fungos podem ser através de, 1) estruturas de resistência, como os, a) escleródios (enovelados de
hifas que endurecem, ficando no solo dormente); b) clamidósporo (célula de hifa
ou esporo com parede celular espessa); c) oósporo (esporo sexual de Oomicetos
com parede espessa); d) teliósporos; e) ascocarpos. No caso dos procariotos,
encontra-se esporos de resistência de bactérias (Bacillus e Streptomyces),
2) plantas hospedeiras (dependem do
tecido doente, como as lesões causadas pelo agentes causais do cancro cítrico,
ferrugem do cafeeiro, “greening”, sementes infectadas — carvão do trigo), 3) atividade saprofítica, como os
peritécios de Fusarium sp. em colmos
de trigo e 4) vetor, somente para
alguns procariotos, como no caso das doenças transmitidas por psilídeo em
citros.
Como adendo desse ponto, o inóculo é toda e qualquer estrutura do patógeno ou o próprio patógeno (bactéria) que é capaz de dar início a uma infecção.
A disseminação é dividida em três etapas: liberação do propágulo do local em que foi produzido, podendo ser ativa ou passiva; a dispersão que é a disseminação propriamente dita, sendo realizada por vários agentes, como o vento, respingos de água, insetos, água de irrigação, sementes contaminadas, animais, ferramentas e implementos agrícolas.
A disseminação de
bactérias geralmente ocorre por aerossol. A disseminação pode ser realizada por
vetores que se alimentam da planta infectada, adquirem o inóculo de bactérias
habitante do xilema (Xylella fastidiosa)
e do floema (fitoplasmas, espiroplasmas, Candidatus
Liberibacter). Estas dependem exclusivamente do vetor para a sua
disseminação.
A infecção é mais difícil de definir, pois para alguns autores ela
começa na pré-penetração, passa para a penetração até estabelecer as relações
parasitárias estáveis. Para outros, ela vai da pré-penetração até a
colonização.
A penetração dos fungos
pode ocorrer por diversas formas, a) direta;
b) através de estômatos; e, c) por ferimentos. Já para os procariotos,
esta pode ser por estômatos, ferimentos, hidatódios e pelo nectário
floral.
A colonização e reprodução
podem ocorrer concomitantemente. A colonização pode ser por: a) superfície (oídio); b) subcitucular (sarna da macieira); c) intracelular (mancha de alternária); d)
intercelular (ferrugens); e, e) xilema (murcha de fusário). Os
procariotos colonizam através dos espaços intercelulares, do xilema e do floema
do hospedeiro.
Para finalizar a aula,
foi explicitado o ciclo das relações patógeno–hospedeiro da doença cancro
cítrico (causada pela bactéria Xanthomonas
axonopodis pv. citri), destacando
que a doença é policíclica. Tema esse que será visto em aula mais adiante.
Turma é de suma
importância entender os ciclos das relações patógeno–hospedeiro para a tomada
de decisão na hora de aplicar as medidas de controle da doença!!! Até a
próxima...
AULA PRÁTICA 3 - POSTULADOS DE KOCH
Na aula prática, vimos as duas etapas finais dos Postulados de Koch: Inoculação e Reisolamento.
Postulado 3 - Inoculação do patógeno: A inoculação consiste no ato de colocar um patógeno em contato com, ou no interior, de um órgão ou tecido de uma planta hospedeira. Para termos sucesso na inoculação, precisamos saber como se dá a penetração do microrganismo no hospedeiro.
Por isso, realizamos diversos métodos de inoculação:
- Penetração por ferimento : Inoculação do
Penicillium sp. que isolamos na semana passada em tangerinas, realizando
ou não ferimento nos frutos.
: Inoculação da bactéria Pectobacterium sp.
em pimentão e batata usando palito.
Para vírus
- Penetração por ferimentos : Inoculação
mecânica do vírus do mosaico do pepino (CMV) em abobrinha.
- Penetração por inseto vetor : Inoculação
com afídeos do vírus do mosaico do pepino (CMV) em abobrinha.
AULA PRÁTICA 3 - POSTULADOS DE KOCH
Na aula prática, vimos as duas etapas finais dos Postulados de Koch: Inoculação e Reisolamento.
Postulado 3 - Inoculação do patógeno: A inoculação consiste no ato de colocar um patógeno em contato com, ou no interior, de um órgão ou tecido de uma planta hospedeira. Para termos sucesso na inoculação, precisamos saber como se dá a penetração do microrganismo no hospedeiro.
Para fungos:
- Penetração direta: Aspersão da suspensão de Alternaria
solani em plantas de tomate.- Penetração por ferimento
Para bactérias:
- Penetração
por ferimentosPara vírus
- Penetração por ferimentos
- Penetração por inseto vetor
Postulado 4 - Reisolamento
do patógeno: O quarto
postulado, reisolamento do microrganismo, não foi executado em aula prática,
pois segue os mesmos procedimentos do segundo postulado (isolamento).
Faltou falar da terceira etapa da disseminação, a deposição!
ResponderExcluirQuando os fungos penetram por aberturas naturais eles penetram apenas por estômatos?
Sim, percebemos isso. A deposição é uma etapa importante para que o fungo encontre de fato o local onde o mesmo ira começar o processo de penetração. Quanto ao processo de penetração por aberturas naturais, além dos estômatos, os fungos penetram através de hidatódios (X. campestris pv. campestris em folhas de couve), lenticelas (Streptomyces scabies em tubérculos de batata), nectários (Ralstonia solanacearum em inflorescências de bananeira), etc.
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