AULA TEÓRICA 05 - CICLO DAS RELAÇÕES PATÓGENO-HOSPEDEIRO – NEMATÓIDES
Relembrando o ciclo das relações patógeno-hospedeiro:
-Sobrevivência: Perpetuação do inóculo entre os ciclos de cultura.
-Disseminação: Remoção, dispersão e deposição de propágulos.
-Infecção: Penetração e estabelecimento das relações parasitárias.
-Colonização: Desenvolvimento do patógeno no hospedeiro.
-Reprodução: Produção de descendentes.
Figura 1. Ciclo de vida de Nematóides-das-galhas em morangueiro.
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Exemplos práticos foram apresentados em aula para o entendimento dessas relações no caso de Nematóides.
Exemplo 1: Meloidogyne incognita e M. paranaensis – cafeeiro arábico
Três cultivares de café são produzidos no Brasil, sendo essas Coffea arabica (70%), C. canephora (25%) e cultivares de C. arabica derivadas de hibridação entre C. arabica e C. canephora (5%). Nesse contexto, uma série de nematóides acomete essa cultura podendo ocasionar significativas perdas. Nematóides do gênero Meloidogyne comumente denominados nematóides-das-galhas apresentam-se como um dos principais e dentre suas características podemos citar: ciclo de vida: 20-30 dias sendo muito dependente da temperatura, preferência por solos arenosos, sedentarismo e produção de galhas nas raízes, tubérculos e eventualmente em órgãos aéreos. Não se conhece ao certo como esses nematóides sobreviveram ao desbravamento da Mata Atlântica nos estados de MG e PR. Sua disseminação ocorre através da movimentação de mudas contaminadas e sua infecção ocorre em todas as espécies de C. arabica. A colonização ocorre no interior das raízes das plantas e a quantidade de ovos produzidos pelos mesmos dependerá da quantidade e qualidade do alimento (hospedeiro).
Existe uma relação importante entre geadas e nematóide-das-galhas. Devido a intensas geadas ocorridas em algumas regiões, essas substituíram esse cultivo por outros, e o café foi levado para outras regiões juntamente com o nematóide, auxiliando sua disseminação. Outra relação abordada foi a poda e nematóide-das-galhas. As podas drásticas (recepa) realizadas em cafezais cujo solo encontra-se infestado com esse nematóide ocasionam significativos danos. Quando a parte aérea das plantas é eliminada durante a poda parte das raízes morrem e por consequência os nematóides na fase adulta que ali se encontram. No entanto, os ovos dos mesmos permanecem no solo e os juvenis começam a tacar as poucas e novas raízes do hospedeiro, aumentando sua população e por consequência os danos.
As principais táticas de manejo consistem na rotação de cultura e eliminação de plantas invasoras que atuam na fase de sobrevivência. A utilização de mudas sadias que atua na disseminação e o plantio de porta-enxertos resistente que atua nas fases de infecção, colonização e reprodução.
Exemplo 2: M. javanica e M. incognita – Cenoura
A sobrevivência acontece na própria cultura (cenouras descartadas no campo), batata e plantas invasoras. A disseminação ocorre através de mudas infectadas, batata-semente e caixas de colheita contaminadas. Desse modo o manejo pode ser realizado através de rotação de culturas (braquiária), alqueive, tratamento do solo (produtos químicos e solarização), uso de material propagativo sadio, uso de cultivares resistentes e desinfestação das caixas de colheita.
Eficácia dos nematicidas em função da tolerância da planta aos nematóides: Existe um limiar de densidade populacional de nematóides (limite de tolerância) o qual não interfere na produtividade do hospedeiro e esse nível é variável conforme as espécies de nematóide e seu hospedeiro.
Nematicidas biológicos: Existe uma espécie fúngica chamada Pochonia clamidosporia que possui capacidade saprofítica produzindo grande quantidade de clamidósporos. Esse microrganismo pode ser produzido em escalas maiores “in vitro” para utilização em campo. Geralmente o agricultor utiliza esse método de controle aliado a algum outro (rotação de culturas, por exemplo) e alcança bons resultados de controle.
AULA PRÁTICA 05 – DOENÇAS DOS GII + GIII + GIV
Nessa semana vimos:
Grupo II – Danos em plântulas (“damping off”): Os danos ocorrem em pré-emergência e pós-emergência. Os patógenos deste grupo são necrotróficos, tais como Pythium sp., Phytophthora sp. e Rhizoctonia sp. Estes patógenos são favorecidos por alta umidade, podem penetrar diretamente e sobrevivem no solo (clamidósporos, escleródios). São pouco específicos.
Grupo III – Podridões de raízes e colo: Os danos ocorrem em plantas adultas. Os patógenos deste grupo são necrotróficos, tais como Pythium sp., Phytophthora sp., Rhizoctonia sp., Sclerotium sp. e Fusarium solani. Estes patógenos são favorecidos por alta umidade, podem penetrar diretamente e sobrevivem no solo (clamidósporos, escleródios). São mais específicos que os Patógenos do grupo II, por exemplo, F. solani f.sp. phaseoli.
O controle é similar para as doenças dos grupos II e III, principalmente evitando a entrada do patógeno ou escolhendo locais isentos. Também pode ser feito tratamento do solo em pequenas áreas (químico, físico, solarização), tratamento químico sementes, irrigação controlada para evitar encharcamento. O uso de resistência varietal é inviável.
Grupo IV – Murchas vasculares: Os sintomas reflexo na parte aérea são murchas, devido a obstrução do xilema pelos patógenos. Os patógenos deste grupo são Fusarium oxysporum, Verticillium e Ralstonia solanacearum. Estes patógenos colonizam o xilema, podem penetrar diretamente pelas raízes e sobrevivem no solo (clamidósporos). São específicos ao hospedeiro e ao tecido. Como estratégias de controle para esse grupo de doenças pode-se usar resistência genética. Também é importante evitar a entrada do patógeno, escolher locais isentos e a rotação de culturas.
Vimos Sclerotium sp. em feijão, Rhizoctonia sp. em feijão e Fusarium em tomate.
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